Conversa entre integrantes do PCC, interceptada na madrugada de sábado, deixa claro que o soldado acabou de matar duas pessoas, provavelmente policiais, com dois comparsas:
Soldado - Deixa eu te falar a fita. Sabe quem fechou com nós, mano? O Moinha, mano. Ele pilotou... Eu, ele e o Fabinho. Nós fizemos um esquema ali certinho. Já era. Caiu (sic) dois.
Preso - Amanhã tem mais.
O soldado aproveita para pedir punição para o mau desempenho de um dos homens: Soldado - Deixa eu te passar uma fita. O Titi vai passar, mas deixa eu adiantar. O gigante lá, mano, lamentável: 90. O Titi deu a peça (arma) na mão dele e ele deu pro Fabinho, irmão.
Cabeça - É. Deu para o Fabinho?
Soldado - É.
Cabeça - Que isso?
Soldado - Tô falando, irmão. Ele queria ficar só dentro do carro, no carro quente, mano. Foi o maior desacerto, já era pra gente estar em casa há maior cara e tamo chegando agora.
Preso - Pode falar pra ele que amanhã tem mais. Ou amanhã ele puxa o bonde, ou vai tomar 90 (dias de suspensão). Vai tomar 90 não, vai ser logo excluído. Porque o salve (a ordem) foi bem claro: os irmãozinhos que não pá nessa situação aí vai pagar é com a vida, certo mano?
In "Estado de São Paulo"
José Ribeiro
Boa tarde Gostaria só de aproveitar este forum para dar uma grande força para todos os Portugueses que se encontram em São Paulo a passar por este momento difícil e desejar que o ultrapassem o mais depressa possível.
Encontrei esta semana na Internet, um serviço interessante para os Portugueses que se encontrem emigrados, que é a possibilidade de fazer chamadas para Portugal gratuitamente. A empresa que disponibiliza isto é esta: www.startel.pt Como estudante de Engenharia Informática, ficarei contente se as novas tecnologias ajudarem a ultrapassar este mau bocado. Boa sorte para todos
Cumprimentos
João Pereira
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
"Guerra Urbana"
Um dos títulos de uma notícia divulgada no site do Terra. Para quem não mora aqui, parece que vivemos um momento de guerra civil, um pandemónio geral. Já recebi pelo menos umas 7 ou 8 chamdas de Portugal de familiares meus, querendo saber se está tudo bem, se estou seguro, trancado em casa e se tenho comida para sobreviver...
Acredito que isso seja o resultado das notícias, ou seja, da mensagem que é passada para o exterior. As pessoas que realmente são afetadas, são aquelas que dependem dos tranportes públicos, como autocarros, o metro, etc. E como esses meios relamente foram alvos de ataques, acabaram por ser suspensos, isso causou um pandemónio geral no trânsito de SP que num dia normal já é um pandemónio. Acredito que isso gerou um pânico geral nas pessoas. Eu senti medo e ameaçado, pois a maiora dos acontecemento foram todos na zona sul, onde moro, mas na verdade, nada aconteceu perto de mim, do meu trabalho ou da minha casa. Graças a Deus!
António Freitas
Felizmente ou infelizmente, uma das principais atitudes que um estrangeiro tem que tomar, quando "decide" escolher a cidade de São Paulo como a sua "morada permanente" é saber estar alerta, não subestimar tudo aquilo que possa ter ouvido sobre o grande problema de São Paulo que é a violência; ela existe, tem uma dimensão "absurda", mas não pode estar nas nossas cabeças todos os dias a toda a hora...é sobretudo importante estar atento, estar alerta e não "confiar" na sorte...
Há todo um esquema de organização que cada um de nós tem que ter, para que não vá parar à "boca do lobo"; desde o bairro que escolhe para viver, as escolas que escolhe para os filhos, os lugares que frequenta, os bairros onde faz a sua vida. Aos poucos vai sentindo uma estabilidade maior, uma "segurança" que nunca pensou conseguir vir a ter, mas nada mais é do que ter criado uma "redoma" que lhe possibilita ter uma vida normal, sem medos e angústias! É dessa "redoma" que surge a nossa passividade quando numa sexta-feira à noite anunciam os ataques a esquadras da polícia, mortes de polícias e "tudo mostra que se prolongará no fim-de-semana".
Infelizmente, habituámo-nos a ver esses acontecimentos "escarrapachados" nos jornais, principalmente em vésperas de feriados ou fins-de-semana prolongados..." fugiram 40 presos este final de semana", "60 conseguiram escapar do presídio do interior do estado e conseguiram capturar 20"... é tão "normal" isso acontecer, que nós próprios quando aproveitamos e viajamos num feriado, comentamos na brincadeira "quantos presos decidiram escapar da prisão este fim-de-semana?" Felizmente ou infelizmente, terá sido essa a nossa reacção neste fim-de-semana! Também "avisados" por familiares e amigos em Lisboa, passámos o sábado e domingo, como se nada tivesse acontecido, pondo "água na fervura" no tema em questão e tentando minorizar o problema.
Segunda-feira acordámos todos para uma semana como as outras, mas começa um "zunzum" que não é exactamente igual às outras vezes; a empregada que devia entrar de manhã não chegou porque não tinha autocarro para apanhar; liga-se a televisão e ouve-se as notícias entre elas de ataques aos "ônibus" que estavam a ser incendiados em vários pontos da cidade, agências de bancos que foram atacadas... Bem, parece que o "fim-de-semana" de rebeliões se prolongou!! O "motorista" que é pontual, aparece uma hora depois do suposto, desesperado porque as ruas estão cortadas, porque veio "de carona"... Mas quem diz que nós próprios reagimos? Pessoalmente confesso que não reagi, achei que tudo se passava na "periferia", "aquela" que não entra no meu dia-a-dia e que "não toca" na minha "redoma"; mas a segunda-feira foi passando, cada vez mais estranha, tudo com comportamentos "diferentes" e só eu a querer acreditar que tudo não passava de uma luta de gangues e polícias que infelizmente nos habituámos a assistir nestes seis anos de Brasil!
Quando chegaram as quatro horas da tarde, em que estava tranquilamente a ler o jornal, sobre os acontecimentos "quentes" do fim-de-semana, à espera das crianças que acabavam as actividades no clube, aparecem os seguranças a pedir às pessoas para saírem o mais depressa possível, "porque temos ordens internas para evacuar o clube" e " se a Senhora não sabe, o Governador do Estado recomendou um recolher obrigatório; todas as famílias devem estar em suas casas até às seis da tarde". Só aí "me caíu a ficha"! Parece que a coisa é séria! Graças a Deus a casa é perto do clube e em cinco minutos cai-me o resto da família em cima; a mais velha não tinha ido para lado nenhum porque o "motorista" tinha ordens do Pai para não saír de casa; a segunda tinha ido para casa de uma amiga e eu tinha ordens "expressas" do meu marido para não ir buscá-la...parecia de propósito, mas nesse mesmo dia estava sem telemóvel - "quebrou" -e eu que tinha saído na maior das descontracções, com os mais pequeninos, acabei por me sentir a pior Mãe do mundo que não se apercebeu da "guerra urbana" que todos anunciaram...tudo isto no meio de perguntas dos pequenos "Mãe, o que é o PCC??", " Mãe, vem aí uma bola de fogo atrás de nós, mas se a Mãe comprar um avião podemos ir para Portugal, ou se fôr preciso para a China...é muito longe? a bola de fogo não vem atrás de nós?"
Como já estava em casa, tratei das coisas pelo telefone -"fixo" entenda-se- , porque mesmo que tentasse, as linhas de telemóveis só deviam estar disponíveis para os PCC´s!! Apesar de tentar saír para ir buscar uma das minhas filhas, que estava preocupada e não conseguia falar comigo, pedi para ela dormir em casa da amiga, para não se preocupar, porque não ía conseguir lá chegar porque o trânsito estava um caos; claro que o trânsito estava um caos, mas qual Mãe não passa duas horas no trânsito para ter todos os filhos em casa?! Mas o "recolher" era "obrigatório" e mais vale prevenir do que remediar!
Passaram-se mais três horas, ao telefone para Lisboa, a acalmar os ânimos, todos de bom senso, mas preocupados com tudo o que viram nos "media"- e que peso têem esses media!-; às 7.30 chegou o "Pater Familias", com 3 horas de viagem contra 20 minutos que habitualmente faz do escritório casa.
A noite foi muito pior do que o dia! Uma cidade fantasma, as casas sem luz, não passava um carro, um silêncio que nem numa quinta no Minho em Setembro se consegue ter . Será que amanhã vai ser pior? Não vai ser e não foi pior; os contrastes acentuados do Brasil provocam este tipo de situações, mas pessoalmente, só tenho pena da "insensibilidade" social que ganhei, para conseguir viver o bom que tem este Brasil!
Ana Vilar
PRINCIPALMENTE A TODOS OS MEUS FAMILIARES, QUERO ENVIAR UM GRANDE ABRAÇO DE SOLIDARIEDADE E QUE RAPIDAMENTE TUDO FIQUE MAIS CALMO.
O POVO É SERENO MAS A PACIENCIA TEM LIMITES, E JÁ CHEGA DE COLOCAR MIL PRESOS EM CELAS QUE SÓ TEM CAPACIDADE PARA 200. EM PORTUGAL OS GOVERNANTES QUE ABRAM OS OLHOS PORQUE UM DIA A BOMBA VAI ESTOIRAR.
BEIJOS E SOUDADES PARA TODOS OS FAMILIARES AI NO BRASIL BEM COMO PARA TODA A COMUNIDADE BRASILEIRA.
ZECA / VILA DO CONDE
Às vezes olho pro céu e fico esperando um helicóptero dá polícia, mas só o que vejo são pássaros, ouço a sirene dos bombeiros e imagino serem da polícia, aos poucos vou deixando os vidros do meu carro aberto, vou saindo à noite e perdendo o medo ao ver um grupo de jovens na minha direção, esperando ser um arrastão de assalto. Estou recuperando minha liberdade e minha vida em Portugal.
Deixamos o Brasil pq amamos muito nossa terra e é difícil ver quem amamos sofrer. É pena pq não há esperança para um país tão rico e alegre. É pena ver um povo tão cheio de vida,padecer de fome,ter políticos corruptos,ter medo do seu próprio povo. É pena....
Clara Cruz
O Brasil sempre foi um autêntico barril de pólvora. A miséria que existe no Brasil é a principal causa da criminalidade. O próprio governo também contribui para que a criminalidade aumente. São as organizações mafiosas que dominam a economia do Brasil.
Pobre povo brasileiro que tem um país tão rico e vive abaixo do limiar da pobreza. Só quando se eliminar as organizações mafiosas é que o Brasil poderá ter paz e o seu povo viver decentemente. Até lá, se lá chegarem, vai haver muito sangue e muita miséria...
Júlio de Jesus
Adoro o Brasil. Sou portuguesa, casada há 23 anos com um brasileiro, três filhos luso brasileiros e há 6 anos voltei para Portugal...a minha escolha pela segurança da minha família obrigou-nos a tomar uma decisão, que felizmente foi possível.
Acho que não temos noção da esquizofrenia coletiva em que vivemos no Brasil por causa da insegurança, mas fecho com um exemplo: seis meses depois de ter chegado a Lisboa com 3 filhos adolescentes, em Junho, festejos dos Santos Populares, estávamos em casa, em Lisboa, ouvimos um estrondo que nos fez a todos atirar-nos para o chão: eram foguetes para festejar os Santos.
Joana de Oliveira
Parecia uma manhã como outra qualquer, porém o ponto de táxis – que
normalmente está próximo aos bombeiros – estava hoje algumas quadras mais
próximo de casa.
Minutos depois de entrar no táxi, pedi ao motorista que esperasse por uma
amiga ao lado da delegacia de polícia para juntas seguirmos ao trabalho. Ele
prontamente sugeriu que nos afastássemos de lá e informou que o trânsito era
caótico pois alguns ônibus haviam sido queimados durante a madrugada.
Finalmente cheguei ao trabalho, lá tínhamos um treinamento sobre o tema
INFLUÊNCIA.
Durante o almoço, constatamos que uma agencia bancária da região havia sido
atacada por tiros.
De volta ao trabalho, a atividade que praticávamos sugeria que os
participantes, em duplas, se isolassem do grupo. Sem hesitar, aquele era o
minuto aproveitado por todos para realizar algumas ligações (como bons
funcionários de uma empresa de telecom).
A cada dupla que retornava à sala e reiterava o grupo, uma nova "notícia" :
1ª dupla, ligou para casa e disse que:
"Houve um ataque no Vale do Anhangabaú"
"Os metrôs estão parados"
2ª dupla, informou que:
"Há um toque de recolher na cidade, programado para às 20h00"
"Fechou o comércio"
3ª dupla, propagou:
"Há uma bomba no aeroporto, ele foi fechado"
"Houve um ataque as universidades Mackenzie e FAAP de São Paulo"
Resultado: O TREINAMENTO FOI SUSPENSO, FOMOS TODOS PARA CASA.
O treinamento, ou parte dele, serviu para uma coisa: nos influenciarmos uns
aos outros. Durante algumas horas houve falhas no serviço de telefonia,
devido ao número de ligações - semelhante ao que acontece no dia de Ano
Novo.
Por influência, todos praticavam uma chuva de boatos em cadeia. Todos os
fatos mencionados pelas duplas acima, com exceção do fechamento do comércio,
ERAM BOATOS FALSOS influenciados pelo pânico generalizado na cidade.
Ao final do dia os noticiários publicavam o caos da cidade – dentre as
notícias, o governo federal e as operadoras de telefonia móvel estudavam uma
proposta de se interromper o sinal dos celulares dentro dos presídios – e
como não poderia deixar de ser... em meio ao caos, foi anunciada a escalação
da seleção brasileira. Êta Brasil!
. comentário à crise sao pa...
. Brasil
. Não há portugueses envolv...